Do silêncio à vida

Entre o silêncio e o som, o filme de Villa Ninita encontrou sua forma. A direção de arte nasceu do gesto de colocar um piano de cauda em uma clareira, diante da casa onde Ninita viveu toda a vida, a mesma em que Heitor Villa-Lobos fez música e morada temporária. Tudo parte de uma reverência à música, ao tempo e à presença que moldou aquele lugar. As cenas só ganham vida quando a pianista toca. A cada nota, o entorno desperta. Folhas se movem, janelas respiram, o tempo se refaz. A pianista permanece ao fundo, como uma presença simbólica, Ninita em sua forma eterna. A composição privilegia luz natural, contrastes sutis e o silêncio como textura. Figurinos neutros e tecidos leves reforçam a delicadeza do conceito. Cada cor, objeto e movimento traduzem a alma do lugar com sofisticação contida. A trilha original para piano conduz o ritmo das imagens e une som e espaço em harmonia. Cada enquadramento é pintura, cada detalhe, reverência. O resultado é um filme em que o tempo, a música e a arte dividem a mesma morada.

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